A OVELHA
A ovelha, um dia, muito triste por não ter forças para lutar com os cães que a mordiam, ou armas de defesa contra a ferocidade dos lobos, dirigiu-se a Júpiter e expôs-lhe suas queixas:
— Pai, todos os animais que vivem sobre a terra, desde o inseto ao paquiderme, têm meios de defender-se contra os ataques; e coragem para provocar as lutas. Eu, porém, sou tímida e indefesa: tudo me causa medo. Queria, pois, que me désseis uma arma qualquer.
Júpiter, tocado de piedade, perguntou-lhe:
— Queres um veneno oculto nos dentes, para dar a morte aos que te fizerem mal?
— Oh! não! respondeu a ovelha. Os animais venenosos são nojentos e causam medo a todos.
— Queres ter na boca duas fileiras de dentes afiados, como os leões e os lobos?
— Oh! não! Os animais carnívoros são tão odiosos e antipáticos!
— Queres saber arremeter, como os touros, com duas pontas na cabeça?
— Oh! não! Eu causaria terror aos outros animais, e não seria acariciada pelos pastores.
— Que queres, pois? gritou Júpiter, impaciente.
— Nada, senhor, nada quero. Prefiro viver assim, tímida e fraca, porém estimada e afagada por todos.
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Ano de publicação: 1899
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
Ano de publicação: 1899
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
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