O PESCADOR E O PEIXINHO
—
Rogo-te que tenhas misericórdia de mim e me queiras devolver à água, pois vês
que não podes tirar de mim senão muito pouco proveito. Sim, porque sou pequenino
e recém-nascido, mal saído das entranhas de minha mãe. Mal nenhum haverá se me
libertares. E, quando eu estiver crescido e bem gordo, voltarei a esta margem.
De bom grado, eu me deixarei apanhar por ti. Então, tu e todos os teus
companheiros vos fartareis de minha carne.
Mas
o pescador, respondendo, disse assim:
—
Decerto, grande loucura seria soltar o peixe apanhado e labutar para pescar
outro, pois ninguém deve abandonar, largando-o facilmente, aquilo obteve com o
seu esforço. De fato, pode vir o tempo em que gostaria de tê-lo, mas sem
sucesso.
Não
devemos, portanto, trocar o certo pelo duvidoso. Como reza o ditado: “mais vale
um pássaro na mão que um abutre voando”.
---
Versão em
português de Paulo Soriano, a partir de tradução anônima espanhola de 1489.
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