terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Os carneiros e carniceiro (Fábula de Esopo), de Manuel Mendes da Vidigueira

 

OS CARNEIROS E CARNICEIRO

Estando juntos uns Carneiros, entrou o Carniceiro, e eles não se alvoroçaram, nem fizeram caso disso. Tomou o Carniceiro um e logo o matou, e nem com ver o sangue temeram os outros. Foi por diante, e os matou a todos um a um até o derradeiro, que vendo-se maniatado, disse: Por certo, com razão padecemos, pois vendo o nosso mal não quisemos entendê-lo. No princípio às marradas nos pudéramos defender, vendo que nos matavam, então não quisemos; agora eu só não posso: e assim acabamos todos.

MORAL DA HISTÓRIA:
Diz o provérbio português que quando arderem as barbas de teu vizinho, lances as tuas de remolho. Quem nos perigos alheios não se avisa, não é avisado; que males alheios bem notados são doutrina proveitosa para o prudente; mas quem o é tão pouco, que se deixa ir pelo caminho, por onde vê que se perdem todos, este tal se perderá por sua culpa e morrerá como o Carneiro.


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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)

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