O HOMEM POBRE E A COBRA
Um Homem pobre costumava afagar e dar de comer a uma Cobra, que em sua casa trazia, e em quanto assim fez tudo lhe ia por diante. Depois por certa agastadura, fez-lhe uma grande ferida. E vendo que tornava a empobrecer, com muitas palavras e humildade lhe pediu perdão. Respondeu a Cobra: Eu de boamente te perdoo, mas não te há de isto prestar para deixares de ser pobre, que esta ferida sempre me há de doer, e sempre há de estar pedindo vingança de ti.
MORAL DA HISTÓRIA:
Quis Esopo mostrar nesta
Fábula o que costumam dizer: A quem agravares não lhe creias, porque a memória
dos agravos é eterna. Por tanto, quem injuriou algum amigo seu e depois se
reconciliaram, entenda que por muito amigos que pareça estarem, e que no
exterior mostre não lhe lembrar nada, lá no mais secreto do coração está
guardada muitas vezes a memória da injúria.
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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
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