JUNO E O PAVÃO
Veio o Pavão a Juno muito
queixoso, dizendo por que razão o Rouxinol havia de cantar melhor que ele, e
ter-lhe outras muitas vantagens? Disse Juno que não se agastasse; que por isso
tinha ele as penas formosas, cheias de olhos, que pareciam estrelas. Isso é
vento, replicou o Pavão, mais tomara saber cantar. Juno respondeu: Não podes
ter tudo. O Rouxinol tem voz, a Águia força, o Falcão ligeireza, tu contenta-te
com tua formosura.
MORAL DA HISTÓRIA:
Prova-se nesta Fábula o que
fica dito no princípio da vida de Esopo; que
nenhum há desamparado de natureza e sem graça particular; que Deus, autor da
mesma natureza, criou os homens, e repartiu por eles seus dotes. Uns faz
valentes e outros ligeiros; um é bom pintor, outro músico destro, outro tem seu
dote no entendimento. Ensina logo esta Fábula que ninguém se ensoberbeça da
graça particular de que é dotado, nem tenha inveja das boas obras dos próximos,
antes com tudo e por tudo dê louvores a seu Deus e Criador.
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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
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