A BUGIA E A RAPOSA
Rogava a Bugia à Raposa que
copiasse a metade do seu rabo, e lhe desse, dizendo: Bem vês que o teu rabo
arroja e varre a terra, e é defeito por demasiado; o que dele sobeja
me prestar a mim, e cobrir-me estas partes que vergonhosamente trago
descobertas. Antes quero que arroje, disse a Raposa, e varra o chão, e me seja
pesado, que aproveitares-te tu dele. Por isso não to darei, nem quero que coisa
minha te preste. E assim ficou sem ele a Bugia.
MORAL DA HISTÓRIA:
Semelhantes são a esta
Raposa todos os invejosos, que deixaram de escarrar, se souberem que presta o
seu cuspinho, e todos os avarentos, que do muito que em sua casa sobeja não
querem partir com o pobre que lhes mostra sua necessidade, como aqui a Bugia
mostra à Raposa.
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Ano de publicação: 1684.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2022)
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