terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O velho barqueiro e o moço (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

O VELHO BARQUEIRO E O MOÇO 

Ia remando um barqueiro velho, embora seguisse a correnteza das águas; um moço que à beira do rio estava brincando, pôs-se a escarnecer dele: Por que te afadigas assim? Para que remas? O correr das águas basta para levar por diante a tua casca de noz. Dá-ma que eu te vou mostrar. O barqueiro, que era velho e experimentado, sorriu-se e respondeu: Se te der a minha barca, e fizeres o que dizes, perdes-te. — Pateta! tornou o moço — Pois toma lá, disse o barqueiro saltando em terra; dá-ma a tua lição; sempre se está em idade de aprender.

O moço saltou no barco, e largando os remos e leme, pôs-se a cantar. A água levou a casquinha de noz com excessiva impetuosidade, e arremessou-a de encontro a uma pedra. Com o abalo interrompeu o moço o seu cantar, viu o perigo, lançou mãos dos remos e do leme; atordoado, não soube como haver-se, implorou o auxílio do velho barqueiro; mas já era tarde. De encontro às pedras o barco quebrou-se, o moço morreu afogado.

MORAL DA HISTÓRIA: O imprudente arremessa-se a perigos ocultos que o homem prudente vai desde princípio evitando.

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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