O VEADO E SUAS PERNAS
Um veado foi matar a sede em cristalina fonte, e mirou-se no
espelho das águas: “Como são garbosos estes meus galhos”, dizia, “que ar
majestoso e elegante dão à minha cabeça! Mas que malditas pernas me deu a
natureza! Antes as não tivera.” Nisso ouviu ao longe o latir de uma matilha, e
logo pôs-se a correr. Longe do caçador e do perigo o levaram as pernas; já se via
salvo, quando os seus galhos enredaram-se com os ramos de uma árvore, e o fazem
parar; quanto mais forceja, mais enredado se acha. Chega o caçador e o apanha.
“Mal de mim!” dizia o veado, “ainda há pouco praguejei destas pernas que tão
úteis me eram, e exultei de júbilo com esses galhos que, sem préstimo algum,
causaram o meu cativeiro.”
MORAL DA HISTÓRIA: Estimamos muitos vezes qualidades que nos perdem, e maldizemos das que nos servem.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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