segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O veado e suas pernas (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

O VEADO E SUAS PERNAS 

Um veado foi matar a sede em cristalina fonte, e mirou-se no espelho das águas: “Como são garbosos estes meus galhos”, dizia, “que ar majestoso e elegante dão à minha cabeça! Mas que malditas pernas me deu a natureza! Antes as não tivera.” Nisso ouviu ao longe o latir de uma matilha, e logo pôs-se a correr. Longe do caçador e do perigo o levaram as pernas; já se via salvo, quando os seus galhos enredaram-se com os ramos de uma árvore, e o fazem parar; quanto mais forceja, mais enredado se acha. Chega o caçador e o apanha. “Mal de mim!” dizia o veado, “ainda há pouco praguejei destas pernas que tão úteis me eram, e exultei de júbilo com esses galhos que, sem préstimo algum, causaram o meu cativeiro.”

MORAL DA HISTÓRIA: Estimamos muitos vezes qualidades que nos perdem, e maldizemos das que nos servem. 

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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