Um maluquinho, que trazia a cabeça rapada,
não podia suportar as moscas que lhe pousavam em cima e lhe davam constante
desassossego.
Lembrou-se — sabem de quê? — de ir a juízo
apresentar uma queixa contra as moscas que tanto o incomodavam.
O Juiz, que bem o conhecia e estava para se
rir um bocado, atendeu-o com toda a seriedade e no fim deu por sentença: — que
onde quer que ele visse uma mosca podia usar do seu direito e dar-lhe uma
paulada.
O maluquinho, que isto ouviu, olha para a
cabeça do Juiz, vê uma mosca pousada, e zás! Ferra-lhe uma tão grande pancada
que o deixou como morto.
Prenderam-no e queriam julgá-lo, mas ele
defendeu-se com a sentença que lhe mandava dar uma paulada nas moscas onde quer
que as visse. Não tiveram remédio senão deixá-lo em liberdade.
Bem certo é que com tolos nem para o céu.
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Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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