O SOLITÁRIO E O SEU URSO
Um homem que no lidar da vida muito tinha que se queixar dos
outros homens, reconhecendo os falsos, egoístas, mal agradecidos, tornou-se
misantropo, e renunciando à sociedade, fora embrenhar-se em um ermo. Aí vivia
solitário, tendo por companheiro um urso que domesticara. No urso havia
concentrado todas as suas afeições e cumpre confessar que lhe eram retribuídas.
Quem os visse brincar juntos diria que era uma parelha de ursos. Um dia de
verão, o solitário vencido pelo calor e pelo aborrecimento, adormeceu; o urso
pôs-se a vigiar que nada viesse incomodar o seu amigo, que nada o acordasse.
Uma mosca foi pousar nos beiços do homem, o urso procurou enxotá-la; como porém
nada conseguisse por bons modos, pois a mosca ia-se e logo voltava, agarrou o
bruto em uma pedra e atirou-lha quando estava pousada na cabeça do seu amigo. Matou-a,
mas também o pobre misantropo foi-se desta para melhor, sem que lhe valesse o
pranto do urso, arrependido da sua imprudência.
MORAL DA HISTÓRIA: Nada mais perigoso que um amigo imprudente; antes mil vezes um discreto inimigo.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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