O LOBO E A RAPOSA
Uma raposa meteu-se de amizade com um velho lobo, que por forte e
previdente, havia ajuntado grossos cabedais. Com tais artes se houve, que o
lobo não podia viver sem ela, só das suas graças se ria, só o que lhe ela
preparava podia comer, enfim tanto bem lhe quis que em seu testamento a deixou por
sua universal herdeira. Mal soube que estava feito o testamento a raposa foi
ter com um caçador, e lhe disse: O que me dás, se te levar à cova de um lobo, e
to entregar? — Dou-te a sua pele, disse o caçador. — Pois vem comigo. E levou-o
à cova em que estava dormindo o lobo. Passou este sem senti-lo do sono para a
morte. Já se via a raposa senhora única da pingue herança, e tendo de mais a
pele de seu protetor, quando o caçador lhe disse: “Amiga, se livrei as ovelhas
desse voraz perseguidor, quero livrar as galinhas de terrível inimigo; em vez
de uma, serão duas ações meritórias, e terei duas peles que vender; morre!” A
raposa não previra este resultado.
MORAL DA HISTÓRIA: Velhos avarentos, cuidado com os que vos afagam! consolai-vos, porém, certos de que o mal ganho nunca aproveita.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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