Fugindo de um caçador, veio um lobo esconder-se em uma moita junto
da qual estava um pastor, e pediu-lhe obséquio de desviar o caçador, se
porventura perguntasse por ele. “Fique certo”, prometeu-lhe o pastor, “hei de
dizer que o lobo se foi por ali.” E apontou para direção oposta à em que estava
o esconderijo. Chegou o caçador: “Viu você um lobo?” perguntou. — Sim, vi,
disse o pastor, e foi-se por ali. O seu dedo porém, atraiçoando a promessa,
indicava a moita em que estava oculta a fera. O caçador não deu fé do aceno, e
seguiu a direção indicada pela palavra. Mal o viu pelas costas, o lobo saiu da
moita. Então, amigo, disse-lhe o pastor, vais-te embora sem agradecer-me? — Não
tenho que agradecer-te, respondeu o lobo; pois se escapei devo-o à minha sina,
e à precipitação do caçador que lhe não deixou reparar no movimento de teu dedo.
Querias, traidor, que me ele matasse! Hás de pagar-me; cuidado com o teu
rebanho.
MORAL DA HISTÓRIA: Há homens nobres que prometem seus serviços a uns, e depois os levam aos inimigos deles.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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