domingo, 26 de dezembro de 2021

O lobo e o cavalo (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

O LOBO E O CAVALO 

Pastava em bela campina um nédio cavalo; um lobo o viu, é como trazia jejum de quinze dias, assentou em devorá-lo; mas o cavalo era forte, e ele... quinze dias de jejum dão cabo do mais valente. Recorreu, pois, à astúcia. Aproximou-se, e ofereceu os seus serviços, dizendo que, como médico que era, estudara botânica, e podia mostrar-lhe das ervas da campina em que pastava quais as boas, quais as que lhe podiam fazer mal. Ai meu amigo, disse-lhe o cavalo, chegaste muito a tempo; não para me resguardares de más plantas, pois também as sei distinguir; porém para curar-me de grave incômodo; há dias magoei um pé; parece que se está formando um tumor; olha. Então levantou a pata, e assentou-lhe um formidável coice que lhe quebrou a queixada.

MORAL DA HISTÓRIA: Se todos os lobos charlatães encontrassem cavalos como o desta fábula, não veríamos o triunfo de tanta impostura. 

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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