O CAÇADOR E O URSO
Em apertos de dinheiro, um caçador vendeu a pele de um urso que
devia matar por aqueles dias, pois tinha descoberto o seu covil, e tudo
preparado para tão importante caçada. Comido o dinheiro, o caçador se
descuidava da promessa, e só por fim, cedendo a muitas instâncias do comprador,
foi à caça. Levava uma espingarda de dois canos, uma boa faca, enfim todo o
petrecho; não levava porém o mais indispensável, ânimo. Aparece o urso; o homem
põe-se a tremer como varas verdes; o urso aproxima-se com majestoso vagar. O
nosso homem tinha ouvido que essa fera não toca em corpos mortos; deixa-se pois
cair, inteiriça-se todo, faz-se morto; e na verdade; com o medo está mais morto
do que vivo. O urso encosta-lhe o focinho, cheira-o, revolve-o, e supondo-o
inanimado, retira-se. O comprador, que viera para assistir à caçada, e que tudo
vira de lugar seguro, chegou-se para o morto, e escarnecendo lhe pergunta.
“Então, meu tratante, o que te disse o urso, quando te falou ao ouvido?” O
outro cobrando alento, respondeu: “Disse-me e eu lhe acho razão, que não se
deve comprar a pele do urso antes de o ver morto.”
MORAL DA HISTÓRIA: Mostra essa fábula que nunca devemos prometer o que ainda não está em nossas mãos, e que pois não podemos dar.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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