Midas, rei da Frigia, conseguiu obter de
Baco, o maravilhoso dom de transformar em ouro todos os objetos que tocasse.
Esse dom tornou-se-lhe em breve fatal, pois os próprios alimentos eram
transformados no precioso metal, ao seu contato, vendo-se Midas impossibilitado
de comer o que quer que fosse.
No auge da desesperação, invocou o deus Baco,
e suplicou-lhe que o livrasse de tão mortal suplício. Baco compadecido da sua
desgraça, ordenou-lhe que se banhasse nas águas do Pactolo, para perder o
nefasto dom. Midas obedeceu, e o grande rio ficou cheio de palhetas douradas.
Refere também a lenda que, tendo o rei dito
que a lira de Apolo era inferior à flauta de Pan, o senhor dos bosques, aquele
em castigo à sua irreverência fez-lhe nascer orelhas de burro.
Midas porém ocultava-as cuidadosamente sob os
fartos cabelos, e somente um barbeiro conhecia o seu segredo.
Mas o barbeiro após algum tempo, e apesar das
ameaças de morte, não se conteve; resolveu então confiar a terra o segredo que
tanto o oprimia.
Abriu, pois, uma funda cova, e lá deixou
sepultadas as palavras fatais que confirmavam ter o rei orelhas de asno,
ocultas sob a cabeleira.
Nesse lugar, passado tempo, brotaram caniços
que, ainda verdes, agitados pela mais leve aragem diziam:
— "Midas, o rei Midas, tem orelhas de
burro!"
E assim em breve foi divulgado o segredo do
rei que caiu no ridículo, e furioso maldisse a hora em que atraíra sobre a sua
cabeça a justa cólera do formoso e temível Apolo.
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Autora: Por: Alice de Almeida
Origem:
Brasil
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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