Havia três irmãos; o mais novo tinha três
maçãzinhas de ouro, e os outros para ver se lhas tiravam mataram-no e
enterram-no num monte. Depois nasceu na sepultura uma cana. Certo dia passou
por lá um pastor, que cortou um pedaço da cana para fazer uma flauta. O pastor
começou a tocar, mas a gaita em vez de tocar, dizia:
Toca, toca, oh pastor,
Os meus irmãos me mataram,
Por três maçãzinhas de ouro,
E ao cabo não as levaram.
O pastor quando ouviu isto, chamou um
carvoeiro, e deu-lhe a flauta. O carvoeiro começou também a tocar, mas a flauta
dizia:
Toca, toca, oh carvoeiro,
Os meus irmãos me mataram…
Assim foi a
flauta andando, de indivíduo para indivíduo, até que chegou às mãos do pai e
mãe do morto. A flauta dizia ainda:
Toca, toca, oh meu pai…
Toca, toca, oh minha mãe,
Os meus irmãos me mataram
Por três maçãzinhas de ouro
E ao cabo não nas levaram.
Chamaram o pastor, que disse onde tinha
cortado a cana. Foram lá e encontraram o cadáver com as três maçãzinhas de
ouro.
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Ano de publicação: 1883
Origem: Portugal (Rebordainhos —
Bragança)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2021)
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