AS RÃS QUERENDO UM REI
Amigas de novidade, quiseram um dia as rãs ter seu rei, e
pediram-no a Júpiter. O deus prestou-se benigno a seus desejos, e atirou ao
charco em que viviam um pedaço de pão. Com o baque a água estremeceu, e as rãs,
cheias de pavor, esconderam-se no fundo mais fundo, no lodo do charco. Para
logo porém foram cobrando alento; levada pela curiosidade, uma sobe à tona
d’água, levanta a cabeça e põe-se a admirar o seu rei. Imita a outra, e outra,
e todas. E tomam ânimo, e aproximam-se nadando; vendo que o rei nem se movia,
põem do lado toda a timidez, e começam a saltar sobre a inerte majestade.
Não era isso que queriam as rãs; ei-las de novo ante o trono de
Júpiter, queixosas do logro que lhes havia pregado. Já que por bom e manso vos
não serve o rei que vos dei ides ficar satisfeitas, disse o deus, cansado desta
tão louca importunação. E deu-lhes a cobra, a cobra que de hora em hora abria a
goela, e engolia alguma de suas súditas.
MORAL DA HISTÓRIA: Contentemo-nos com o que temos; não queiramos novidades.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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