AS DUAS CADELAS
Sentindo-se na hora de parir, e não tendo onde acolher-se, pediu
uma cadela à sua camarada que lhe emprestasse a sua cama. A outra, compadecida,
atendeu-lhe, prometendo ela retirar-se logo que os filhinhos se pudessem
arrastar. Chegou o dia da restituição, e não mostrando a hóspede muita vontade
de cumprir o ajuste, pediu-lhe a compassiva o seu palheiro. A parida, porém,
arreganhando os dentes: Retirar-me-ei, disse, se fores capaz de deitar-me fora
a mim e aos meus. Tinha então consigo meia dúzia de cachorrinhos que já
ladravam e sabiam morder.
MORAL DA HISTÓRIA: Há assim muitos que, como a cadela mal agradecida, humildes imploram a caridade, e depois se levantam contra quem lhes valeu.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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