Uma velha tinha muitos netos, um dos quais estava ainda por batizar. Um dia, a boa velhinha saiu a procurar um padrinho para o seu netinho e no caminho encontrou um lobo que perguntou:
— Onde vais tu, velha? Ao que ela respondeu:
— Vou arranjar um padrinho para o meu neto.
— Ó velha, olha que eu como-te.
— Não me comas que, quando se batizar o meu menino, dou-te arroz-doce.
Foi mais adiante e encontrou outro lobo que lhe fez a mesma pergunta e ela deu-lhe a mesma resposta. Depois encontrou um homem que lhe perguntou o que ela ia fazer e, como ela lhe respondesse que ia procurar um padrinho para o seu neto, ele ofereceu-se logo para isso. Depois a velha contou-lhe o encontro que tinha tido com os lobos e o homem deu-lhe uma grande cabaça e disse-lhe que se metesse dentro dela que assim viria ter a casa sem que os lobos a vissem. A velha meteu-se na cabaça e esta começou a correr, a correr, até que encontrou um lobo que lhe perguntou:
— Ó cabaça, viste por aí uma velha?
Não vi velha nem velhinha;
Não vi velha nem velhão;
Corre, corre, cabacinha,
Corre, corre, cabação.
Mais adiante encontrou outro lobo que lhe perguntou também:
— Ó cabaça, viste por aí uma velha?
Não vi velha nem velhinha;
Não vi velha nem velhão;
Corre, corre, cabacinha,
Corre, corre, cabação.
A velha, julgando que já estava longe dos lobos, deitou a cabeça fora da cabaça, mas os lobos que a seguiam, saltaram-lhe em cima e comeram-na.
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Ano de publicação: 1879.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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