Matreiro gato já velho não podia dar assaltada aos ratos; mais
ligeiros do que ele, fugiam-lhe todos. Com os anos, porém, ganhara o gato em
indústria o que havia perdido em força e agilidade. E pois envolveu-se todo em
farinha, e deu consigo em um canto da despensa, onde ficou quedo e imóvel, como
coisa inanimada. Apareceu um rato, e supondo que era coisa de roer, descuidado
se aproximou; o caçador filou-o; logo atrai outro, e outro, e quantos apareciam
tantos o gato caçava. Veio por fim um: oh! era uma velha ratazana, que de mil
combates e ciladas, laços e ratoeiras escapara, até na guerra tinha perdido
duas terças partes do rabo. Logo que deu o monte de farinha, parou. “Farinha
assim” disse, “nunca vi que tomasse essa forma quando amontoada!” Então
farejou: “Este cheiro, nunca farinha o teve igual. Não, farinha não é: ora
viva, Sr. gato, divirta-se com essas crianças imprudentes; eu cá bem o conheço,
e ainda quando se fizesse de saco, não me pilharia ao alcance das unhas.”
MORAL DA HISTÓRIA: Cautela, e mais, cautela nunca por sobeja é condenável.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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