A RAPOSA SEM RABO
Uma das mais astutas raposas fez tantas que caiu numa cilada.
Napoleão teve seu Waterloo; que muito é que a nossa raposa fosse uma vez mal
sucedida? Mais feliz porém do que Napoleão, se este perdeu, perdeu ela somente
o rabo, e conseguiu safar-se da armadilha. Viver porém sem rabo, quando suas
irmãs o têm tão fornido! andar sempre exposta aos risos e motejos! A nossa
raposa não se pode resignar a tamanha desgraça. Convocando pois assembléia
geral, tomou a palavra, e mostrando todos os inconvenientes do inútil peso do
rabo, propôs que todas as raposas proscrevessem tão desajeitado enfeite. “A
lembrança é ótima, e o discurso eloquente”, disse uma delas, “mas, camarada,
para que possamos melhor deliberar, vire-se, por quem é.” A desrabada virou-se;
e vendo-a, deram-lhe as outras uma vaia que a obrigou a fugir para sempre.
MORAL DA
HISTÓRIA: Em geral o
amor próprio nos faz tomar por perfeições os nossos defeitos, e propô-los à
imitação dos mais.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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