terça-feira, 28 de dezembro de 2021

A raposa sem rabo (Fábula), de Justiniano José da Rocha

 

A RAPOSA SEM RABO 

Uma das mais astutas raposas fez tantas que caiu numa cilada. Napoleão teve seu Waterloo; que muito é que a nossa raposa fosse uma vez mal sucedida? Mais feliz porém do que Napoleão, se este perdeu, perdeu ela somente o rabo, e conseguiu safar-se da armadilha. Viver porém sem rabo, quando suas irmãs o têm tão fornido! andar sempre exposta aos risos e motejos! A nossa raposa não se pode resignar a tamanha desgraça. Convocando pois assembléia geral, tomou a palavra, e mostrando todos os inconvenientes do inútil peso do rabo, propôs que todas as raposas proscrevessem tão desajeitado enfeite. “A lembrança é ótima, e o discurso eloquente”, disse uma delas, “mas, camarada, para que possamos melhor deliberar, vire-se, por quem é.” A desrabada virou-se; e vendo-a, deram-lhe as outras uma vaia que a obrigou a fugir para sempre.

MORAL DA HISTÓRIA: Em geral o amor próprio nos faz tomar por perfeições os nossos defeitos, e propô-los à imitação dos mais.

 

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Ano de publicação: 1852.
Origem: Brasil  (imitadas de Esopo e La Fontaine)

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