Convidou a raposa a um socó para jantar em sua companhia;
devia-lhe obrigações, dizia, e queria obsequiá-lo. O socó aceitou o convite, e
foi-se preparando para fazer honra ao banquete de sua amiga. Essa, porém, fez
servir uma espécie de sorda, posta em um prato raso. Devia estar saborosa, pois
só o seu perfume despertava o apetite; mas como a sorveria o socó com seu
comprido e agudo bico? Multiplicou bicadas, magoou-se todo, e ficou jejuando,
entretanto a raposa foi lambendo, e deu com tudo no bucho. Desejoso de
vingar-se, mas ocultando sua tenção, o socó agradeceu a raposa a fineza do
convite, e disse que lho queria retribuir, convidando-a para daí a oito dias
jantar em sua casa. A raposa, que é voraz, aceitou pressurosa. O vingativo socó
apresentou-lhe em um vaso de comprido gargalo uma espécie de carne desfiada. No
vaso não podia à raposa introduzir o focinho para alcançar a comida, e o socó
de cada bicada arrancava e engolia um comprido naco. Quis enfadar-se a raposa,
refletiu porém, e vendo que era uma justa desforra da sua graça, meteu o caso à
bulha, e foi-se em jejum, ainda que não emendada.
MORAL DA
HISTÓRIA: Não zombes
com os outros, pois achar-te-as exposto a iguais zombarias.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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