Uma formiga prendeu o pé na neve.
Ó neve, tu és tão forte que o meu pé prendes!
Responde a neve:
Tão forte sou eu que o Sol me derrete.
Ó Sol, tu és tão forte que derretes a neve que o meu pé prende!
Responde o Sol:
Tão forte sou eu que a parede me impede.
Ó parede, tu és tão forte que impedes o Sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!
Responde a parede:
Tão forte sou eu que o rato me fura.
Ó rato, tu és tão forte que furas a parede, que impede o Sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!
Responde o rato:
Tão forte sou eu que o gato me come.
Ó gato, tu és tão forte que comes o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o gato:
Tão forte sou eu que o cão me morde.
Ó cão, tu és tão forte que mordes o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o cão:
Tão forte sou eu que o pau me bate.
Ó pau, tu és tão forte que bates no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o pau:
Tão forte sou eu que o lume me queima.
Ó lume, tu és tão forte que queimas o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o lume:
Tão forte sou eu que a água me apaga.
Ó água, tu és tão forte que apagas o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde a água:
Tão forte sou eu que o boi me bebe.
Ó boi, tu és tão forte que bebes a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o boi:
Tão forte sou eu que o carniceiro me mata.
Ó carniceiro, tu és tão forte que matas o boi, que bebe a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Responde o carniceiro:
Tão forte sou eu que a morte me leva.
---
Ano de publicação: 1879.
Origem: Portugal.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
Nenhum comentário:
Postar um comentário