A CORUJA E SEUS FILHOS
Fizeram a paz a coruja e a águia, e reciprocamente juraram não
ofender aos filhos de cada uma das altas partes contratantes: “Conheces os meus
filhos?” perguntou a coruja à águia. — Não, mas se mos queres mostrar e dizer
como são, saberei reconhecê-los, e poupá-los. “Pois sim, atende; meus filhos
são lindos, engraçados. Oh! como são engraçadinhos e bem feitos! são uns
primores”. A águia tomou nota; daí a dias, estando a caçar deu com um ninho.
Nele estavam dois horríveis filhotes, tristonhos, mal feitos, de cor, de piar
que metia medo. “Não são estes por certo os filhos da minha amiga”, disse a
águia e os foi papando. Nisso acode a coruja: “Assim respeitas a fé jurada?
mataste os meus filhos!” — Teus filhos! disse a águia admirada; esses
monstrozinhos nada tinham de lindos, nem de bem feitos e menos de
engraçadinhos.
MORAL DA HISTÓRIA: A ternura materna não vê as imperfeições dos filhos, e substitui-lhes belezas e graças que lhes negara a natureza.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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