Como diz o outro: A viúva rica, por um olho
chora e pelo outro repenica. Uma viúva chamou uma mulher para vir fazer o
pranto do costume pela morte do marido. A carpideira começou a dar ais, e a
arrepelar-se, e dizia na sua caramunha:
Ai, ai, ai,
Quem lá vai, lá vai.
Passou uma mulher e perguntou-lhe o que é que
ela estava a fazer; respondeu a carpideira:
Estou a chorar
O marido alheio,
Por um alqueire
De centeio;
Não sei se mo dão
Meado ou cheio.
A anojada, que já não podia encobrir a
satisfação de se achar livre do que a tocava, começou aos saltos e a
responder-lhe:
Há de ser calcado
E acuculado,
E ainda por cima
Mais um punhado;
Contanto que fique
Bem depenado.
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Ano de publicação: 1883
Origem: Portugal (Airão, Terra da
Feira, Coimbra)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2021)
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