A BATALHA DOS RATOS
Cansados destes combates singulares que todos os dias tinham de
travar com os gatos, e em que quase sempre sucumbiam, os ratos assentaram em
regimentar-se, formar exército e escolher de entre si valentes coronéis, hábeis
generais, que os guiassem, e para bem de todos dispusessem das forças e do
préstimo de todos. Tudo isto não se fez sem alguma agitação, sem falatórios;
logo pois chegou notícia ao povo dos gatos. Recrutar exército contra semelhante
inimigo teria sido um opróbrio; de tal não se lembrou gato algum;
contentaram-se com escolher dez campeões. Vendo confiadas à sua valentia a
honra e a defesa da sua raça, foram estes ao encontro dos ratos. Acharam-nos
postados em vasto campo, segundo a arte. Os gatos riem-se; os ratos tomam as
risadas por ameaçadores miados e espavoridos dispersam-se, fogem; cada qual
acolhe-se ao seu buraco. Os coronéis, porém, e os generais, que para melhor
serem vistos no meio das proezas que pretendiam fazer, tinham posto elegantes
penachos, não puderam a tempo livrar-se dessas insígnias, nem com elas
encafurnar-se nos seus esconderijos. Pagaram pois as despesas da guerra; os dez
gatos não deixaram escapar um só deles.
MORAL DA HISTÓRIA: Na hora de perigo, antes confundir-se com o povo do que primar entre os chefes; ali abrigam-se todos na comum obscuridade, aqui pelo seu esplendor é cada um denunciado.
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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