A ÁGUIA, A GATA E A PORCA
Em uma árvore, como que apalavradas, foram arranchar-se três mães.
Uma águia fez seu ninho nos mais altos ramos; uma gata arranjou sua cama no
meio, onde o tronco se divide em grossos galhos; na parte inferior, ao pé das
raízes, colocou-se uma porca. Todas tinham filhos, e viviam tranquilas. Disso
não gostou a gata. Um dia trepa ao ninho da águia, e diz-lhe: “Venho-lhe dar
uma triste notícia, vizinha; os nossos filhos correm grande risco; a porca tem
resolvido fossar a terra em redor das raízes desta árvore até fazê-la cair,
para que, mortos com o há que, os nossos filhos sejam pelos dela devorados.“ —
Que me diz, vizinha! agradecida lhe fico, hei de acautelar-me.
Então desce a gata, vai ter com a porca: “Minha amiga!” exclama,
“terrível vizinhança temos! Sei de boa parte que a águia só aguarda uma ocasião
para agarrar nos seus e meus filhos, que servirão de pasto à sua ninhada;
acautele-se.”
Feito este belo trabalho, a gata mete-se na sua toca à espreita
dos resultados. A porca já não se anima a sair; a águia julga que ela o não faz
por estar ocupadíssima em suas escavações, e não querendo mais esperar, voa do
seu ninho, vai acometê-la. Trava-se combate; as duas mães pelejam como mães que
defendem seus filhos; ambas caem mortas, abandonando à ardilosa gata pasto de
sobejo para si e para seus gatinhos.
MORAL DA HISTÓRIA: O que não pode um intrigante!
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Ano de
publicação: 1852.
Origem:
Brasil (imitadas de Esopo e La Fontaine)
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