Havia um homem muito preguiçoso que nada
fazia. Um dia veio um velho e pediu-lhe rancho em casa; o velho cansou-se de
lhe bater na porta e nada do homem se animar a levantar-se para abrir a porta.
Afinal desenganado, o velho pediu à dona da casa que lhe guardasse ali uma
toalha que levava, mas que a não abrisse. O velho seguiu seu caminho. Mulher
guardou a toalha, mas teve curiosidade e abriu-a. Apareceu logo uma grande mesa
com tudo quanto é de bom e melhor de que a mulher se regalou. Ela escondeu a
toalha, e, quando o velho veio procurar a toalha, a mulher deu-lhe outra em vez
da sua. Chegando o velho em sua casa, mandou a toalha se estender e a toalha
quieta. O velho calou-se e no outro dia foi à casa do preguiçoso e deixou lá
ficar uma cabra pedindo-lhe que a guardassem até a sua volta, mas que tivessem
o cuidado de não lhe dizer:
— Berra,
cabra!
O velho retirou-se. A mulher foi e disse:
— Ora,
isto é mistério; aqui temos novidade! Berra, cabra!
Entrou a cabra a berrar e começou a cair
muito dinheiro de ouro e prata da boca da cabra. Logo que a mulher viu isto,
trocou a cabra por outra, e quando o velho veio saiu enganado. Chegando em casa
mandou a cabra berrar, e nada, e nada! Conheceu que estava enganado e calou-se.
Chegou por fim um trabalhador do velho e lhe pediu ao amo o seu jornal.
Respondeu o velho:
— Meu
filho, eu não tenho mais dinheiro; mas dou-te um cacete, que aqui tenho, que te
há de fazer feliz.
O rapaz recebeu o cacete e seguiu. Foi ter
justamente na casa do preguiçoso; pediu rancho e deu o cacete para guardar. A
mulher trocou o cacete por outro, e no dia seguinte o moço disse:
— Dê-me
o meu cacete, que me quero ir.
O cacete entrou a dar bordoadas de criar
bichos no marido e na mulher. Puseram-se eles a gritar, e o rapaz ficou
admirado de ver aquela virtude do cacete.
A mulher aflita gritou:
— Meu
senhor, mande seu cacete parar, que eu lhe dou o que me deu o velho para
guardar.
O moço disse:
— Para,
cacete, e tudo pra cá!
O cacete parou, e a mulher entregou ao rapaz
a toalha e a cabra. O moço tudo recebeu e voltou para casa do seu amo, e lhe
contou o que se tinha dado com ele na casa do preguiçoso. O velho então lhe disse:
— Esta
toalha e esta cabra têm virtude; quando tiveres fome, estende esta toalha, e te
há de aparecer comida da melhor; e esta cabra quando berra bota dinheiro pela
boca.
O rapaz ganhou o mundo com seus três
presentes.
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