Havia um homem que era pescador e tinha uma filha. Um dia, ele foi pescar e achou uma joia no mar, muito bonita. Ele voltou para casa muito alegre e disse à filha:
— Milha
filha, eu vou dar esta joia de presente ao rei.
A filha disse que ele não desse, e antes
guardasse, mas o velho não a ouviu e levou a joia ao rei. Este recebeu a joia e
disse ao velho que (sob pena de morte) queria que ele lhe levasse sua filha ao
palácio: nem de noite, nem de dia, nem a pé, nem a cavalo, nem nua, nem
vestida. O velho pescador voltou para casa muito triste, o que vendo a filha,
perguntou-lhe o que tinha. Então, o pai respondeu que estava triste porque o
rei tinha-lhe ordenado que ele a levasse, nem de dia, nem de noite, nem a pé,
nem a cavalo e nem nua, nem vestida. A moça disse ao pai que descansasse, que
ficava tudo por conta dela, e pediu que lhe desse uma porção de algodão e saiu
montada no carneirinho. Quando chegaram no palácio, o rei ficou muito contente
e satisfeito, porque o velho tinha cumprido o que havia ordenado sob pena de
morte. A moça ficou em palácio e o rei disse-lhe que ela podia escolher e levar
para casa a coisa de que mais se agradasse dali. Na ocasião do jantar, a moça
deitou um bocado de dormideira no copo de vinho do rei e chamou os criados e
mandou preparar uma carruagem. Quando o rei tomou o vinho, deu-lhe logo muito
sono e foi dormir. A carruagem já estava preparada e a moça mandou os criados botarem
o rei dentro e largou-se para casa. Quando o rei acordou da dormideira,
achou-se na casa do velho pescador, deitado em uma cama e com a cabeça no colo
da moça. O rei ficou muito espantado e perguntou o que queria dizer aquilo. Ela
então respondeu que ele tinha dito que podia trazer do palácio aquilo que mais
lhe agradasse e do que mais ela se agradou foi dele. O rei ficou muito contente
de ver a sabedoria da rapariga e casou-se com ela, havendo muita festa no
reino.
Origem: Pernambuco (Brasil)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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