Andando a filha da onça muito namorada pelo lagarto e pelo homem, que desejavam desposá-la, o jabuti jurou que havia de vencer aos dois. Pensou um plano. "Achei, achei!" — disse de repente.
Foi a uma aguada e pegou um punhado de sapinhos, que soltou no bebedouro, com ordem, quando qualquer bicho viesse beber, de cantar uma coisa assim:
Turi, turi...
Quebrar-lhe as pernas...
Furar-lhe os olhos...
E recomendou:
— Mas se eu aparecer com a minha gaita vocês ficam logo caladinhos, ouviram?
Logo depois apareceu b macaco, que vinha beber. Ao ouvir a cantiga da água, deu um pulo de medo e sumiu-se.
Outros bichos vieram, acontecendo a mesma coisa. Veio o lagarto — e fugiu no galope.
Veio o homem — e fugiu fazendo o pelo-sinal.
Faltava só o jabuti. Foram buscá-lo.
— Pois vou, porque não tenho medo nenhum, mas quero que todos os animais me acompanhem de perto.
A bicharia toda o seguiu. Quando chegou em certo ponto, disse o jabuti:
— Bem, agora vocês parem. Eu vou só. Aproximou-se do bebedouro e deu um toque de gaita. Os sapinhos emudeceram como peixes.
O jabuti bebeu sossegadamente e foi ter com
os animais, que estavam assombrados de tanta valentia. A onça, muito alegre,
deu-lhe a filha em casamento.
---
Ano de publicação: 1937.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2021)
Nenhum comentário:
Postar um comentário