Uma feita, o cágado intrigou-se com o homem,
o teiú e a onça por causa de um casamento com a filha da onça. Havia uma fonte
onde todos os bichos costumavam ir beber; o cágado lá chegou, botou dentro dela
uma boa porção de sapinhos e lhes deu ordem que, quando viesse ali algum bicho
beber, eles cantassem:
Turi, turi...
Quebrar-lhes as pernas,
Furar-lhes os olhos...
Feito isto, o cágado foi-se embora.
Chegou o macaco para beber, ouviu aquilo e
ficou com muito medo e foi-se, e espalhou o caso. Outros bichos vieram e todos
se retiraram com medo. Veio o teiú, a mesma coisa; veio a onça, o mesmo. Afinal
o homem veio e também fugiu com medo. Faltava o cágado; foram chamá-lo. Ele
disse que estava pronto a ir, mas acompanhado de todos os outros, e munido de
sua gaita e tocando. Chegando a certa distância mandou os outros esperar,
avançou, chegou junto à beira da fonte, deu ordem aos sapinhos para se calarem;
eles obedeceram. O cágado encheu seu pote e retirou-se vitorioso com grande
espanto de todos os outros animais, e casou-se com a filha da onça.
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Ano de publicação: 1883
Origem: Sergipe (Brasil)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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