Moravam no mesmo bairro. Uma era boa e
caridosa; outra, má e ingrata. A boa, como fosse diligente, tinha a casa bem
arranjadinha; a má, como fosse vagabunda, vivia ao léu, sem eira nem beira.
Certa vez a má, em véspera de dar cria, foi pedir
agasalho à boa.
— Fico aqui num cantinho até que meus
filhotes possam sair comigo. É por eles que peço...
A boa cedeu-lhe a casa inteira,
generosamente.
Nasceu a ninhada, e os cachorrinhos já
estavam de olhos abertos quando a dona da casa voltou.
— Podes entregar-me a casa agora?
A má pôs-se a choramingar.
— Ainda não, generosa amiga. Como posso viver
na rua com filhinhos tão novos? Conceda-me um novo prazo.
A boa concedeu mais quinze dias, ao termo dos
quais voltou.
— Vai sair agora?
— Paciência, minha velha, preciso de mais um
mês.
A boa concedeu mais quinze dias, e ao
terminar o último prazo voltou; mas desta vez a intrusa, rodeada dos filhos já
crescidos, robustos e de dentes arreganhados, recebeu-a com insolência:
— Quer a casa? Pois venha tomá-la, se é
capaz...
Para os maus, pau!
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